Economistas projetam nova redução da Selic em 2025 diante de inflação mais baixa e cenário fiscal incerto

 

Image de photoroyalty no Freepik


Uma nova queda da Selic em 2025 pode ser viável com a inflação mais baixa no País. Essa projeção se fortalece com a expectativa de uma diretoria do Banco Central mais flexível no controle dos preços a partir do ano que vem.

 Por outro lado, um cenário ruim das contas públicas pode atrapalhar os planos, de acordo com economistas consultados pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.


Pesquisa Projeções Broadcast divulgada semana passada mostrou que, de 53 instituições financeiras que esperam o fim do atual ciclo de cortes da taxa básica de juro ainda em 2024, pelo menos 51% estimam uma Selic menor ao fim de 2025. Entre as 27 que seguem essa premissa, o intervalo de projeções para a taxa vai de 8% a 10% ao fim da atual rodada de reduções e de 7,50% a 9,75% no final do ano que vem.


“Quando tivermos uma inflação mais controlada, perto de 3,5%, e com o risco fiscal mais contido, haverá margem para um ajuste final da Selic em 2025”, diz a economista-chefe do Banco Inter, Rafaela Vitória. Ela prevê que o ciclo atual de cortes termine em dezembro, em 8,5%, mas que ao longo do próximo ano o juro se aproxime do nível de equilíbrio, que calcula em 8,0%.  Uma taxa básica ainda mais baixa não é totalmente descartada, mas não é o cenário principal do Inter. “Se o ajuste fiscal se firmar, mesmo que seja mais devagar do que o governo propõe, eventualmente, poderíamos até pensar em uma Selic mais baixa, de uns 7,5%”, afirma.


“Mas ainda teremos mais três anos de um governo que tem um projeto de ajuste fiscal, mas também uma linha de estimular gastos e o desenvolvimento da economia pelo Estado.” Nessa disputa, o espaço para uma Selic abaixo de 8,0% é restrito, destaca.  O economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, acredita que o atual ciclo de cortes se prolongue até setembro de 2024, com a Selic a 9,0%. Uma nova rodada no ano que vem levaria a taxa para 8,0%.


Borsoi diz que o movimento futuro dependerá da mudança no foco da política monetária da inflação de 2026 para 2027, período no qual avalia que, com a inflação mais baixa, as expectativas do mercado estarão mais perto da meta, de 3,0%. “Com isso, o BC não precisará manter a política monetária restritiva e poderá ir para uma taxa mais neutra.”. Dependendo da nova composição da diretoria do BC, com a possibilidade de um presidente da autarquia mais suave – o mandato do atual, Roberto Campos Neto, acaba ao fim deste ano -, uma taxa ainda mais baixa poderia se tornar possível, acrescenta o economista da Nova Futura.


Para o economista sênior e sócio da Tendências Consultoria, Silvio Campos Neto, por outro lado, a mudança no comando do BC já é um dos fatores que favorecem uma nova etapa de cortes da Selic em 2025. “A tendência parece ser um BC um pouco mais dovish. Não que ele vá se afastar de sua análise técnica, mas abre espaço para reduções adicionais.”


Mesmo assim, o principal vetor deve ser a inflação mais baixa, mesmo sem a convergência total das expectativas à meta, junto com a desaceleração esperada para o Produto Interno Bruto (PIB). O economista da Tendências prevê Selic em 9,5% no fim do atual ciclo de cortes, em julho, e em 9,0% no fim de 2025.


Comentários