Dólar está no nível mais baixo

 A volatilidade do Dólar Futuro está no seu nível mais baixo em quase uma década, o que levanta questões sobre quando essa tendência pode se alterar. 

Imagem de jcomp no freepik 


Desde o início de 2014, a diferença entre os pontos de suporte e resistência diminuiu significativamente, um fenômeno conhecido como "encaixotamento" na análise técnica. Isso significa que o ativo tem mostrado pouca variação entre seus valores máximos e mínimos durante um certo período.

Essa estabilidade resulta em menor volatilidade, o que pode complicar as operações de day trade, tanto para contratos padrão quanto para minicontratos de Dólar Futuro.

Atualmente, a volatilidade está no menor nível desde antes da crise política que levou ao impeachment de Dilma Rousseff. 

Embora tenha havido uma queda entre 2022 e 2023, não foi tão acentuada quanto agora. Isso suscita dúvidas sobre as razões dessa diminuição e quando poderá haver uma mudança.

Traders acreditam que a chave está na expectativa dos próximos movimentos das autoridades monetárias, que irão estabelecer e ajustar os diferenciais de taxa de juros entre o Brasil e os EUA. Rafael Perretti, trader da Clear Corretora, explica que, enquanto no Brasil os cortes de juros previstos para 2024 já estão incorporados nos preços – já que o Banco Central começou a reduzir a Selic no ano anterior –, nos EUA ainda há incerteza sobre quando isso ocorrerá.

De acordo com o FedWatch da CME, há uma probabilidade de 55% de que os EUA reduzam as taxas de juros na reunião de junho, em comparação com 40% de chances de manutenção. Para a reunião de maio do Fed, a expectativa predominante é de manutenção, com 92% de probabilidade. 

No Brasil, o relatório Focus prevê uma taxa Selic final de 9% para o fim deste ano, o que implicaria em cortes de 2,25 pontos percentuais até então.

Perretti observa que os cortes antecipados de juros no Brasil ajudaram a orientar o mercado, resultando na queda do dólar de cerca de 5,7 para pouco menos de 5 reais. 

Desde meados de janeiro, o dólar tem sido negociado a um preço considerado justo.

A próxima "Super Quarta", em 20 de março, quando serão anunciadas as decisões de juros no Brasil e nos EUA, será crucial para definir um novo patamar de negociação para o dólar. 

Não tanto pelas decisões em si, mas pelas indicações de Jerome Powell, presidente do Banco Central dos EUA, e do Comitê de Política Monetária (Copom) no Brasil, sobre os próximos passos para o restante de 2024.

Perretti destaca a importância do diferencial de juros entre o Brasil e os EUA para a moeda brasileira, especialmente em relação ao fluxo de capital estrangeiro. Ele ressalta a necessidade de entender como o cenário de aversão ao risco se desenvolverá no país.

Se o Copom continuar a reduzir as taxas de juros no Brasil e os EUA ainda não iniciarem cortes, o dólar pode se valorizar, tornando a moeda brasileira menos atraente. Por outro lado, se o Fed iniciar um ciclo de cortes alinhado com o Copom ou com uma variação maior no diferencial de juros, o dólar pode se depreciar em relação ao real.

Em resumo, o dólar futuro variou de 4.983 a 5.552 pontos no "caixote" maior do gráfico, uma oscilação de 570 pontos. 

Este ano, no "caixote" menor, a variação está entre 4.905 e 5.029 pontos, aproximadamente 125 pontos. Segundo Perretti, uma menor amplitude de oscilação torna mais difícil estabelecer uma tendência, limitando as operações de longo prazo dos traders.

Ele sugere que os traders se adaptem operacionalmente aos ciclos do mercado. Anteriormente, era possível operar com uma posição menor e um "stop" maior; agora, é recomendável operar com uma posição maior e um "stop" mais restrito.

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As bolsas mundiais apresentam um quadro misto.

Para quem está de olho na Selic a 11,25%, é hora de considerar os títulos públicos, debêntures e CRAs. 


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